domingo, 10 de março de 2013


Uma história interessante narrada no livro Sinhá Brava de Agripa Vasconcelos refere-se a uma filha adotiva, Maria Severina, sobrinha do Capitão Inácio que, aos 15 anos, casou-se com o médico Dr. Manuel de Abreu. Moravam no Rio de Janeiro, na Rua Mata Cavalos.
A mãe de criação mandava gêneros e cartas para a jovem nas constantes idas das tropas do Pompéu à Corte. Após dois anos de casada, Maria ainda não tendo filhos, escreveu para a mãe contando que o marido engravidara uma escrava de 14 anos, e pediu conselho. Em resposta, Joaquina enviou-lhe uma carta ordenando que o casal viajasse para o Pompéu.
Um mês e pouco depois chegava o casal ao velho solar do sertão. Dr. Abreu estava alegre, ignorava a missiva da esposa à fazendeira. Como gostava de caçar, logo a sogra prontificou-se a ordenar uma caçada de veados no chapadão. Joaquina chamou dois escravos de confiança, Manuel Congo e José Cisterna para uma delicada missão e ordenou que castrassem seu genro depois da caçada. Assim foi feito e os bagos do médico foram entregues para a sua filha com a recomendação: agora poderá viver tranquila, pois ele não fará mais filhos. O casal nunca mais voltou no Pompéu.
Joaquina foi de fato uma boa anfitriã, hospedou em 1813 o naturalista alemão Georg Wilhelm Freyreiss (1789-1825), colecionador de plantas e peles de aves, acumulou milhares de espécies para a coleção do Museu Zoológico de Berlim. Ele também coletou material vegetal para herbários em Estocolmo e Uppsala a pedido do cônsul sueco no Rio de Janeiro, Lorentz Westin. Um relato de suas viagens, Reisen in Brasilien, “Viagem ao interior do Brasil” foi publicado quase 150 anos depois, em 1968, e traduzido para o Português em 1982.

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