JOAQUINA DO POMPÉU
domingo, 10 de março de 2013
Se, por um lado, Joaquina
aparece como a mulher que fugiu à regra de seu tempo, como uma exceção diante
da sociedade majoritariamente masculina do século XVIII no que diz respeito às
relações comerciais, por outro ela foi uma mulher dedicada a casa, à família e
a Deus, enquadrando-se perfeitamente no padrão feminino do seu tempo. Ao final
de sua vida, seu filho mais novo, capitão Joaquim Antônio de Oliveira Campos, torna-se
seu apoio e substituto.
Paradoxalmente, suas filhas viveram
exclusivamente o cotidiano da vida doméstica, foram mulheres recatadas, se
casaram cedo por meio de arranjos familiares estabelecidos pela matriarca com
homens de posses, de famílias importantes e com destaque político. Cumpriram
suas funções moldada dentro da sociedade setecentista.
Joaquina exerceu sobre os
filhos a posição de chefe, manteve as tradições e os bons costumes, compartilhou
a função materna e de mulher de negócios. Deixando uma linhagem importante de numerosas
famílias dominantes ainda hoje na vida econômica, social e política do Estado
de Minas Gerais. Dentre elas, encontram-se os Melo Franco, Benedito Valadares,
Gustavo Capanema, José de Magalhães Pinto, Olegário Maciel e Ovídio de Abreu.
Do casamento de Joaquina do
Pompéu e Capitão nasceram dez filhos:
1. Anna
Jacinta de Oliveira Campos, que se casou com Thimóteo Gomes Valadares;
2. Felix
de Oliveira Campos, que se casou com Eufrásia Maria da Silva;
3. Maria
Joaquina de Oliveira Campos, que se casou com Luiz Joaquim de Souza Machado;
4. Jorge
de Oliveira Campos, que se casou com Antônia Maria de Jesus;
5. Joaquina
de Oliveira Campos, que se casou com Antônio Alves da Silva;
6. Isabel
Jacinta de Oliveira Campos, que se casou com Martinho Alvares da Silva;
7. Inácio
de Oliveira Campos, que se casou com Barbara Umbelina de Sá e Castro;
8. Anna
Joaquina de Oliveira Campos, que se casou com João Cordeiro Valadares;
9. Antônia
Jacinta de Oliveira Campos, que se casou com Joaquim Cordeiro Valadares, e
10. Joaquim
Antônio de Oliveira Campos, que se casou a primeira vez com Claudina Cândida
Lataliza França, e a segunda vez com Anna de Oliveira Campos Cordeiro, sua
sobrinha.
Dois quadros da artista
plástica mineira Yara Tupinambá compõem
e abrilhantam a galeria do Museu. O pavimento térreo é destinado a exposições
itinerantes e do artesanato de Pompéu, conhecido em toda a nossa região por sua
diversidade e qualidade. O Centro
Cultural Dona Joaquina do Pompéu é uma das melhores opções de
Turismo Histórico e Cultural em nossa região. Com total acessibilidade
(elevadores para idosos e deficientes), guia interno e acesso gratuito.
A história de Joaquina do
Pompéu se mistura com a história do Brasil e de Minas Gerais dos séculos XVIII
e XIX e esperam ser investigada por historiadores, para revelar importantes
informações sobre o passado colonial brasileiro.
HELYZABETH
KELEN TAVARES CAMPOS
Em 1840
Joaquim Cordeiro Valadares, genro de Dona Joaquina, fundou o arraial do
Buriti da Estrada, e em dezembro de 1938, por decreto do governo Benedito
Valadares, deu origem ao atual município de Pompéu.
O nome foi dado em homenagem
ao seu primeiro morador, o paulista Antônio Pompeu Taques que se instalou nos
chapadões do alto São Francisco em uma sesmaria formando uma fazenda no Pouso
dos Buritis. Era um ponto de parada das tropas com as boiadas, devido a um
pequeno buritizal às margens da antiga estrada Real dos Montes Claros para
Pitangui e o Atlântico.
Cravada próximo ao centro
geográfico de Minas Gerais, é ainda conhecida como terra de povo bravo. Como
2.551 km² de extensão de cerrado, e uma população de aproximadamente 30.000 habitantes,
tem como atrativos naturais, a montanha da Serpente, a gruta das Orquídeas, com
antigas inscrições nas pedras, e a represa de Três Marias, formada pelo rio São
Francisco. Hoje é um dos mais prósperos municípios de Minas
Gerais. Seguindo a sua tradição tem sua economia baseada na
pecuária de corte e leite, a região é a maior bacia leiteira do nosso País,
indústria moveleira, extração e beneficiamento de pedra ardósia e usina de
produção de álcool combustível (etanol) e açúcar e plantio de Eucalipto.
O Centro Cultural Dona
Joaquina do Pompéu inaugurado no dia 20 de agosto de 2011 na cidade de Pompéu,
resgata a história da mulher mais empreendedora do Brasil no século XIX, matriarca
de toda a nossa região.
O complexo arquitetônico é composto por quatro espaços: Casarão, Anexo Administrativo, Anfiteatro e Espaço Cultural.
O complexo arquitetônico é composto por quatro espaços: Casarão, Anexo Administrativo, Anfiteatro e Espaço Cultural.
O Casarão, espaço de maior
destaque, é uma réplica do Solar do Laranjo, obra construída em 1871, por Antônio
Cândido de Campos Cordeiro, bisneto de Dona Joaquina às margens do Rio
Paraopeba (área atualmente inundada pelo lago da hidrelétrica Retiro de
Baixo). Com dois pavimentos, abriga o Museu da Cidade de Pompéu, com rico
e belo acervo composto de peças que ilustram a história de Dona do Joaquina,
seus filhos, descendentes e inúmeras outras peças antigas que nos levam a uma
viagem pelo tempo em nossa região, durante o século XVIII, XIX e início do
século XX. O Museu conta ainda, com rico acervo fotográfico e coloca a
disposição dos visitantes livros que documentam toda a genealogia do casal do
Pompéu, mostrando os mais de 80.000 descendentes.
Pitangui
Em 1720, época da
insurreição contra o do pagamento do quinto do ouro, se envolveu o famoso chefe
Domingos Rodrigues do Prado. Devido ao grande atraso com a Fazenda Real, o
governo português, cobrava pelos fiscais incessantemente trinta e tantas
arrobas de ouro. Os pitanguienses resolveram, em solidariedade aos rebeldes de
Vila Rica, se contrapor à ganância dos reinóis, com armas em punho.
O
poderoso Domingos do Prado dispunha de uma tropa de 500 homens com seus
trabucos e suas escopetas escorvadas, à espera dos Dragões, soldados do Conde
de Assumar, que fisicamente pareciam verdadeiras araras, com suas fardas
berrantes e penacho nas cabeças, o que impressionava os pobres aventureiros
locais, supersticiosos, mal armados e mal alimentados.
Os
Dragões traziam umas caixas surdas (tambores) colocadas dos dois lados do
animal, um soldado vinha batendo com uma batuta, ecoando pelas encostas o
ensurdecedor barulho da lei que se aproximava.
Homem
de espírito vivo, penetrante, capaz de perceber com rapidez as coisas mais
sutis, o poderoso Domingos do Prado, aliou-se a outros bandeirantes os irmãos
Fraga, e a Alexandre Afonso, também rico garimpeiro morador ao lado dos Fraga.
Os
irmãos Fraga e Alexandre Afonso se prepararam, juntamente com Domingos Prado,
para resistir às tropas imperiais. No entanto, quando se aproximavam as
centenas de soldados do Conde de Assumar, Domingos Prado fugiu para Conceição
do Pará, sem dar combate aos inimigos, deixando os irmãos Fraga e Alexandre
Afonso à mercê dos temíveis Dragões que não se atemorizaram com a covardia do
poderoso Domingos Prado; organizaram a resistência, tornando-se verdadeiros
heróis esquecidos da nossa história.
Alexandre Afonso teve o cuidado de enterrar as
40 arrobas em pó e pepitas, ilegal na época, em lugar até hoje desconhecido e
foram imitados pelos escravos, que também enterrando o pouco ouro que tinham em
potes de barro.
Sob
o comando do sargento Madureira, as tropas dos Dragões impuseram a derrota aos
sublevados. Destruíram suas casas, e seus corpos foram esquartejados e
salgados, suas cabeças plantadas em paus pelas estradas, para servir de exemplo.
O local é ainda hoje conhecido pelo nome de Mato das Cabeças, no caminho que
liga esta cidade a Brumado.
Depois
de quase três séculos de existência, a lenda do abonado bandeirante Alexandre
Afonso, deixa nos pitanguienses certa dúvida sobre as 40 arrobas de ouro enterradas
entre Brumado e Pitangui, ninguém encontrou até os dias de hoje este tesouro
enterrado.
Em 1745, no apogeu do ciclo
do ouro, Minas Gerais era o maior centro urbano da colônia, superando a Bahia e
o Rio de Janeiro, a região de Vila Rica, atual Ouro Preto, movia a economia.
Igrejas e demais construções arquitetônicas eram construídas, as artes
plásticas, a música e a literatura também se desenvolvia, e acabou gerando uma
maior articulação entre as capitanias, contribuindo para a formação da uma
unidade nacional.
O ouro da região parecia
brotar do chão como batatas, atraindo todo tipo de gente, os paulistas
começarem a perder espaço para baianos, portugueses e fluminenses, chamados de
“emboabas”, que buscavam as lavras de Minas Gerais em busca de riqueza.
Os emboabas tinham relações
estreitas com o comércio de escravos africanos, os quais se mostravam mais
produtivos que os índios, considerados rebeldes e indomesticáveis, logo começaram
a surgir as disputas entre paulistas e emboabas.
O território da colônia crescia,
mudando a demarcação das fronteiras entre à Espanha e Portugal, convencionado
pelo Tratado de Tordesilhas. Com o novo Tratado de Madri, firmado em 1750,
aplicando a tese do “uti possidetis”, a posse de direito era daquele que
detinha a posse de fato, o Brasil
triplicou seu território.
Indiferente a tudo isso, o
que interessava a Portugal era receber regularmente o chamado “quinto” o qual,
apesar de difícil controle, chegava sem dificuldade alguma para a família real.
Em 1741 Portugal chegou a receber 11,5 toneladas de ouro sem que tenha feito
qualquer esforço os ventos sopravam a favor da Corte Portuguesa, e mais ouro
foi encontrado nas novas regiões auríferas de Cuiabá. A exploração do diamante
também passou a encher as burras da família real portuguesa.
Durante todo o curso da
extração aurífera Portugal demonstrou uma absoluta incompetência na administração
das riquezas extraídas na colônia, perdulária estava mais interessada em
ostentar sua fortuna do que cuidar do povo do País e da Colônia. Pensava
que a extração do ouro no Brasil seria eterna, inoperante a administração da Corte
abandonou a indústria e deixaram as terras, incultas, e o comércio, nas mãos dos
estrangeiros, sobretudo os Ingleses.
Ficou também muito bem
impressionado com a hospitalidade da fazendeira e a assistência que lhe
ofereceu em 1811 o mineralogista alemão Wilhelm Ludwig Von Eschwege
(1777-1885), quando fazia um levantamento das riquezas minerais do Alto São
Francisco, a serviço do rei de Portugal. Os resultados da viagem foram
apresentados no livro Pluto Brasilienses, escrito por volta de 1821 e
publicado, pela primeira vez, em 1833, em Berlim.
O autor narra a chegada à
Fazenda do Pompéu, registrando a sua surpresa com o tamanho da propriedade, que
descreve como tendo pelo menos 150 léguas quadradas. Sua comitiva ficou ali
abrigada por vários dias, munindo-se de víveres necessários à retomada da
viagem em direção aos rios Indaiá e Abaeté.
O barão Von Eschwege registrou,
em nota de rodapé, seu agradecimento especial a Joaquina, e esclarece boatos que
correram ao seu respeito durante suas constantes hospedagens, “às vezes por
semanas”, na casa de Joaquina, espalhados por viajantes e subscritos por
outros, de um suposto envolvimento amoroso seguido de um presente de mil bois
oferecidos a ele por Joaquina. Segundo o mineralogista, entre os que poderiam
ter contribuído para fazer circular a intriga estaria outro alemão, de nome
Werner, que também se hospedou no solar.
Mas talvez a verdade fosse
outra, as suspeitas é que os próprios moradores da região do oeste mineiro que,
por inveja do sucesso da fazendeira, em geral, tinham o habito de espalhar
aqueles comentários maliciosos, como, aliás, acontecera com seu pai em Mariana
meio século antes.
Uma história interessante
narrada no livro Sinhá Brava de Agripa Vasconcelos refere-se a uma filha
adotiva, Maria Severina, sobrinha do Capitão Inácio que, aos 15 anos, casou-se
com o médico Dr. Manuel de Abreu. Moravam no Rio de Janeiro, na Rua Mata
Cavalos.
A mãe de criação mandava
gêneros e cartas para a jovem nas constantes idas das tropas do Pompéu à Corte.
Após dois anos de casada, Maria ainda não tendo filhos, escreveu para a mãe
contando que o marido engravidara uma escrava de 14 anos, e pediu conselho. Em
resposta, Joaquina enviou-lhe uma carta ordenando que o casal viajasse para o
Pompéu.
Um mês e pouco depois
chegava o casal ao velho solar do sertão. Dr. Abreu estava alegre, ignorava a
missiva da esposa à fazendeira. Como gostava de caçar, logo a sogra prontificou-se
a ordenar uma caçada de veados no chapadão. Joaquina chamou dois escravos de
confiança, Manuel Congo e José Cisterna para uma delicada missão e ordenou que
castrassem seu genro depois da caçada. Assim foi feito e os bagos do médico
foram entregues para a sua filha com a recomendação: agora poderá viver
tranquila, pois ele não fará mais filhos. O casal nunca mais voltou no Pompéu.
Joaquina foi de fato uma boa
anfitriã, hospedou em 1813 o naturalista alemão Georg Wilhelm Freyreiss
(1789-1825), colecionador de plantas e peles de aves, acumulou milhares de
espécies para a coleção do Museu Zoológico de Berlim. Ele também coletou material
vegetal para herbários em Estocolmo e Uppsala a pedido do cônsul sueco no Rio
de Janeiro, Lorentz Westin. Um relato de suas viagens, Reisen in Brasilien,
“Viagem ao interior do Brasil” foi publicado quase 150 anos depois, em 1968, e
traduzido para o Português em 1982.
Ao
que parece sua fama de má decorreu da confusão feita entre Joaquina e Maria
Felisberta Alvarenga da Cunha, a famosa Maria Tangará, namorada do Capitão
Inácio. Maria Tangará era uma moça grosseira, voluntariosa, estava na época do
namoro com 16 anos de idade, no entanto parecia ter 20 anos.
O
Capitão Inácio, moço louro bonito contava com seus 30 anos de idade enquanto Joaquina
era ainda uma menina franzina e tinha 11 anos. Acompanhava procissão da paixão,
seguindo na fila das virgens, em frente ao andor, quando o Capitão Inácio seguindo
o cortejo ao lado das meninas se encantou por Joaquina e acabou abandonando
Tangará.
Esta
é a origem da rivalidade entre estas duas mulheres que se tornaram inimigas
irreconciliáveis por toda vida. Tangará, tornou uma mulher amarga, cruel e
desequilibrada, dizem que certa vez em uma sessão de feitiçaria no solar das
Cavalhadas, sua residência em Pitangui, mandou matar 60 escravos a facadas os
cadáveres foram jogados na cisterna, e cobertos de terra. Os escravos que escaparam
fugindo na hora do massacre noticiaram pela Vila o fantástico acontecimento daquela
noite que ficou conhecida como Noite de São Bartolomeu.
Existem
também pontos controvertidos sobre a vida de Joaquina, sobretudo sobre seus negócios,
histórias narradas ainda hoje, dizem que ela era violenta e desonesta, e que
roubava gado e assassinava boiadeiros, enterrava seus corpos embaixo do
assoalho do Solar na Fazenda do Pompéu.
Lindolfo Xavier, poeta e
jornalista afirma que a viúva se manteve fiel à memória do marido, honrando lhe
o nome e as tradições. Portava-se com dureza comandando a todos em uma
disciplina exemplar, no banho não se mostrava nua, nem para as escravas de
confiança. Tratava e alimentava bem os escravos, era mulher religiosa, caridosa
cuidava das causas da igreja católica, sendo respeitadíssima inclusive pelas
autoridades reais.
O outro lado da viúva
Joaquina do Pompéu, foi construído a partir dos pontos mais obscuros de sua
vida e de sua condição de mulher, viúva, senhora de escravos que estava à frente
dos negócios. Os que defendem sua memória dizem que tudo não passaria de
“maledicência, lendas, coisas inventadas”, de fato circulam ainda hoje algumas
histórias depreciativas de sua personalidade.
Em vez de boa, seria muito
cruel com os escravos, em vez de honesta, era corrupta nos negócios. Na ótica
da sociedade colonial, era uma mulher lasciva e até perversa. Histórias escandalosas
que envolviam exageros e sexo desregrado caíram na boca do povo, e sobreviveu
mais de 10 gerações.
Dizem que Joaquina gostava
de recrutar negros escravos para o seu deleite erótico. Conduta permitida
naqueles tempos para os homens, nunca para uma mulher. Dizia-se que dava ordens
para que se colocasse o amante eventual de molho, durante dias, antes dos seus
serviços sexuais, a fim de prepara-lo. Alguém chegou a vê-la enlaçada com um
escravo à margem do córrego das Areias, em plena luz do dia, num lugar onde
havia um monjolo.
Segundo as más línguas, a
engenhoca, com suas batidas intercaladas e constantes, ditaria o ritmo da
cópula, enquanto transformava o milho em fubá. Ainda hoje, as pessoas da região
contam risonhamente esta história concluindo quase sempre com uma frase
inusitada: “Era uma pancada de lá e outra de cá! Na beira do córrego, êta
mulher safada, Sô!”.
Quando morreu, Joaquina
tinha 74 netos e 15 bisnetos. Joaquina deixou em testamento 11 fazendas, 40 mil cabeças de gado, e algumas
centenas de escravos, fora baixelas de prata, bandejas, barras de ouro e outros
tesouros.
O
latifúndio tinha uma área territorial de 48.400 km² que
abrange hoje as cidades de Abaeté, Dores
do Indaiá, Bom
Despacho, Pitangui, Paracatu, Abaeté e Dores do Indaiá, Pompéu, Pequi, Papagaios, Maravilhas e Martinho
Campos. Estas terras somadas eram maiores do que o estado do
Rio de Janeiro, ou países como Bélgica, Suíça, Holanda, Dinamarca e El
Salvador.
Estima-se que sua fortuna
hoje seria de aproximadamente dois bilhões de reais, mas talvez sua maior herança
tenha sido a imagem múltipla que deixou: “Sinhá Braba” ou “Dama do Sertão”. Estas
figuras que até hoje povoam a imaginação que ficou a posteridade na vasta descendência
que deixou composta de 87 netos, 333 bisnetos, 1.108 trinetos, 14.637
tetranetos, sua descendência direta é estimada hoje em 80.000 pessoas.
Pela importância, influência
e contribuição ao país. A família de Dona Joaquina pode ser comparada a família
de Médici da
Itália. Vários políticos importantes e outras autoridades de Minas Gerais são
seus descendentes tais como:
Martinho Álvares da Silva
Campos deputado, presidente da província do Rio de
Janeiro, presidente do conselho de ministros e ministro da fazenda, Benedito Valadares -
Governador de Minas Gerais, Afonso Arinos de Mello Franco - Ministro,
embaixador e político, Gustavo
Capanema - Ministro e Governador de Minas Gerais, José de Magalhães Pinto -
Governador de Minas Gerais, Francisco
Campos - Ministro e Jurista, Dom Carlos Carmelo de
Vasconcelos Motta - Cardeal Arcebispo de São Paulo e Aparecida,
Olegário Maciel -Engenheiro
e político brasileiro.
Algumas
pessoas que conhecem a história de Dona Joaquina do Pompéu afirmam que ela era uma
mulher desonesta, não é o que relata Agripa Vasconcelos em seu livro “Sinhá
Braba”, ele a descreve como uma mulher justa, caridosa, sensível e que
costumava alfabetizar os escravos nascidos ou criados em suas senzalas,
celebrava os enlaces matrimoniais dos casais de brancos e negros que se
formavam em suas terras, para administrar sozinha o latifúndio era preciso ser
enérgica,
Se, por um lado, Joaquina
aparece como a mulher que fugiu à regra de seu tempo, como uma exceção diante
da sociedade majoritariamente masculina do século XVIII no que diz respeito às
relações comerciais, por outro ela foi uma mulher dedicada a casa, à família e
a Deus, enquadrando-se perfeitamente no padrão feminino do seu tempo. Ao final
de sua vida, seu filho mais novo, capitão Joaquim Antônio de Oliveira Campos, torna-se
seu apoio e substituto.
Paradoxalmente, suas filhas viveram
exclusivamente o cotidiano da vida doméstica, foram mulheres recatadas, se
casaram cedo por meio de arranjos familiares estabelecidos pela matriarca com
homens de posses, de famílias importantes e com destaque político. Cumpriram
suas funções moldada dentro da sociedade setecentista.
Joaquina exerceu sobre os
filhos a posição de chefe, manteve as tradições e os bons costumes, compartilhou
a função materna e de mulher de negócios. Deixando uma linhagem importante de numerosas
famílias dominantes ainda hoje na vida econômica, social e política do Estado
de Minas Gerais. Dentre elas, encontram-se os Melo Franco, Benedito Valadares,
Gustavo Capanema, José de Magalhães Pinto, Olegário Maciel e Ovídio de Abreu.
Do casamento de Joaquina do
Pompéu e Capitão nasceram dez filhos:
1. Anna
Jacinta de Oliveira Campos, que se casou com Thimóteo Gomes Valadares;
2. Felix
de Oliveira Campos, que se casou com Eufrásia Maria da Silva;
3. Maria
Joaquina de Oliveira Campos, que se casou com Luiz Joaquim de Souza Machado;
4. Jorge
de Oliveira Campos, que se casou com Antônia Maria de Jesus;
5. Joaquina
de Oliveira Campos, que se casou com Antônio Alves da Silva;
6. Isabel
Jacinta de Oliveira Campos, que se casou com Martinho Alvares da Silva;
7. Inácio
de Oliveira Campos, que se casou com Barbara Umbelina de Sá e Castro;
8. Anna
Joaquina de Oliveira Campos, que se casou com João Cordeiro Valadares;
9. Antônia
Jacinta de Oliveira Campos, que se casou com Joaquim Cordeiro Valadares, e
10. Joaquim
Antônio de Oliveira Campos, que se casou a primeira vez com Claudina Cândida
Lataliza França, e a segunda vez com Anna de Oliveira Campos Cordeiro, sua
sobrinha.
Inácio depois de nove anos
doente morre em 1804, viúva aos 52 anos a grande proprietária começa a
construir, de fato, a sua fama. A fazenda do Pompéu já se despontava como
celeiro agrícola do país, Joaquina assumiu os negócios e o controle do
latifúndio.
A fazenda estava
completamente organizada e tudo se movia sob a visão de Dona Joaquina que assumiu
funções muito diferentes daquelas estabelecidas para as mulheres de sua época
permitida pela sociedade patriarcal nas Minas setecentistas. A ordem do
latifúndio era tão impecável que em Vila Rica, Capital da Capitania, era ela
admirada pelo regime vigente na fazenda de comprovada nobreza.
Mostrou-se uma mulher
trabalhadeira e disposta a encarar a lida da fazenda, o que desincumbia com
extrema competência, com temperamento forte conseguiu se superar ao mostrar o
quanto estava preparada para a função que lhe foi destinada. Joaquina foi só um
dos exemplos da realidade de tantas outras mulheres que também assumiram
fazendas e negócios, ao mesmo tempo em que cuidaram da educação dos filhos.
A economia abriu um novo
ciclo de desenvolvimento para toda a colônia, elevou a rentabilidade da
atividade pecuária, e proporcionou a maior utilização das terras e rebanhos, fez
com que essas regiões se tornassem interdependentes, especializadas umas na
criação, e outras na engorda fomentando os principais mercados
consumidores.
Joaquina do Pompéu e sua
família se tornaram parte de uma elite mercantil colonial, sua projeção
política ocorreu na medida em que seus negócios evoluíram, acumulando bens, e investindo
os seus rendimentos na obtenção de lucros.
Estabeleceu em seu redor uma
sólida e organizada rede de amizades que proporcionou a ela bons negócios,
manteve relações com comerciantes e autoridades como o Conde de Valadares, o Governador
da Capitania de Minas Gerais, consolidou laços dentro da capitania de Minas e
no Rio de Janeiro.
Na esfera familiar, Joaquina
teve ainda o apoio de seus genros, filhos, cunhados e outros parentes que ocuparam
cargos políticos e posição econômica, criaram relações de solidariedade,
proporcionou privilégios e benefícios, deixando assim um legado familiar, que perdura
até os tempos atuais.
A maioria dos seus genros foram membros da Câmara
da Vila de Pitangui, oriundos de famílias tradicionais. Possuíam títulos de
capitão, coronel e sargento da guarda, comerciantes que realizavam negócios com
a matriarca. Para seus filhos, Joaquina procurou por moças de famílias
respeitáveis que pudessem ampliar e fortalecer seus laços de amizades fortes e
duradouras.
No dia 20 de agosto de 1774,
Joaquina com 12 anos e Inácio com 30 anos se casaram, no início do casamento arrendaram
a fazenda Lavapés, próxima à vila de Pitangui, e juntos começaram a construir
um imenso patrimônio, Joaquina se ocupava da vida doméstica, dedicava a criação
dos filhos e netos e dos negócios, gerenciando e administrando suas
propriedades, ampliando sua fortuna.
O casal do Pompéu prosperou
economicamente, e compraram a Fazenda de Nossa Senhora da Conceição do Pompéu,
localizada no centro-oeste de Minas, de Manuel Gomes da Cruz, anteriormente
pertencente a Antônio Pompéu Taques (primeiro morador de Pompéu).
Em 1784, o casal mudou-se
para a Fazenda do Pompéu já contava com 40 cavalos, 40 escravos, 9.000 cabeças
de gado, 3.000 éguas e 16 mulas de tropa. A matriarca contratou o
mestre de obras, Tomé Dias para construir um imponente e imenso casarão
iniciada em 1785, de dois pavimentos com 79 quartos, feitos de esteio de
aroeira em sistema de pau-a-pique antes da escritura oficial da fazenda do
Pompéu que foi lavrada posteriormente em 1792, conforme registrado em uma ação
de Antônio José de Faria movida contra Joaquina. Suas ruínas se mantiveram de
pé até 1954. Infelizmente, a relíquia foi demolida a 26 de abril de 1954 por
pessoas que ignoraram a sua importância histórica.
A partir do final do século
XVIII, com o declínio do ciclo do ouro, e com o aumento da migração dos mineradores
para as outras regiões auríferas, a produção agrícola aumentou de tal forma que
a capitania das Minas Gerais tornou-se autossuficiente, chegando a exportar sua
produção agrícola.
Naquela época formava um
mercado interno, os homens que se deslocavam para as áreas auríferas em busca
de pedras e metais preciosos não se preocupavam em organizar roças, estabelecer
vendas e afins, o que eles queriam era encontrar o ouro e enriquecer logo.
Apesar dos protestos
paternos Padre Jorge aceitou a escolha da filha, exigindo de Inácio aguardar o
prazo de um ano para celebrar as bodas.
Inácio de Oliveira Campos
era filho de Inácio de Oliveira e Ana de Campos Monteiro, tornando-se em 1763, filho
Dona Ana Margarida de Campos, descendia por linhagem paterna de um nobre das
Flandres, Felipe Vanderburg, embaixador belga junto ao Rei de Espanha e, pelo lado materno, sua mãe descendia da fidalga
família Bicudo de São Paulo. Felipe de Campos Vanderburg, filho do embaixador, casou-se
com Dona Margarida Bicudo, e dessa união nasceu Ana Margarida de Campos.
O capitão-mor Inácio podia
então se gabar de quatro brasões legítimos de nobreza no sangue, pois sua
ascendência era a família Bicudo, Lemes e Garcia Velho, cepas lusas de primeira
água e da melhor nobreza de Piratininga, gozava de imenso prestigio perante as
autoridades, e era admirado pelo povo.
Comandante da Companhia de
Ordenanças, parte da Milícia dos Dragões das Minas Gerais, aquartelada em
Pitangui. Eram tropas de elite, selecionadas de tal forma, consideradas e
escolhidas, que soldados e até oficiais da primeira linha não podiam entrar para
suas fileiras.
Em 1771, Inácio foi
designado para missão de apresamento de índios e negros fugidos nos sertões do
oeste mineiro, recebeu por isso, como recompensa, várias sesmarias aumentou
consideravelmente seu patrimônio. Com a morte de seu pai, em 1774, herdou
sesmarias em Paracatu (região noroeste de Minas) medindo três léguas de
comprimento por uma de largura, sertão nas barras do Rio Preto com o Paracatu
até as vertentes do Urucuia.
Homem valente, ainda jovem aos
30 anos foi eleito capitão-mor das Ordenanças pelo Senado na Câmara da Vila. Pela
disciplina escrupulosa e uniforme cuidado a rigor tornou-se um militar
prestigiado. Desde cedo era escalado
para Ronda-do-Mato, para fiscalizar os malfeitores e combater quilombos que
infestavam o oeste mineiro. Nunca empregou pessoalmente arma de fogo para
enfrentar a escória sublevada, o que fazia com seu chicote de ferro e couro.
Tamanha era a sua influência
que ela obteve do rei Carta Branca, documento que lhe dava total liberdade
de ação, sendo imune à censura, processo e penas. Joaquina do Pompéu deixou sua
marca como uma das mulheres mais poderosas do Brasil Colonial. D. João VI, quando
viu a generosidade de Joaquina, enviou-lhe como
retribuição um cacho de bananas todo folheado a ouro. Em retribuição, Joaquina presenteou-o
com um ananás em ouro maciço.
Desempenhou um papel de
relevância em uma sociedade comandada por homens nas relações políticas,
sociais, e nos negócios, conquistou enorme prestígio político. Seu nome ainda
vive, como uma referência entre as mulheres mais influentes dos séculos XVIII e
XIX, como Dona Beja e Chica
da Silva.
Tornou-se também conhecida
como Quina de Pompéu, Rainha do Oeste Mineiro, Baronesa
do gado, Sinhá Braba, Grande Dama do Sertão, dentre
outros títulos, transmitidos pela cultura oral. Sua fama perdura longamente,
sustentada pela larga gama seus descendentes.
Filha do Padre Jorge
de Abreu Castelo Branco, nascido em 1713 em
Viseu, Portugal, de uma antiga família portuguesa, se formou em Cânones
pela Universidade de Coimbra, Dr. Jorge recebeu ordens sacerdotais das mãos de
Dom Frei Manoel de Jesus e Maria, Bispo de Nanquim. Dedicou à carreira
Eclesiástica, e veio tentar a vida no Brasil em 1747, residindo em
Mariana/MG. Abandonou os estudos para padre, formou em direito.
Casou-se em 20 de
fevereiro de 1748, com Jacinta Tereza da Silva, nascida em Salvador na
Ilha do Faial, do casamento realizado na localidade de Santo Antônio do
Bacalhau/Bahia, na Igreja de Nossa Senhora de Guarapiranga vieram nove filhos;
Eufrásia Leonor Guedes da Silva de Abreu Castelo Branco, Ana de Abreu
Castelo Branco, Agostinho de Abreu Castelo Branco, José de Abreu Castelo
Branco, Francisco Jorge de Abreu Castelo Branco, Domíciano José de Abreu
Castelo Branco, Floriano de Abreu Castelo Branco, Germano de Abreu Castelo
Branco, e Joaquina Bernarda da
Silva de Abreu Castelo Branco.
Em 28 de março de 1762,
Jacinta Tereza da Silva faleceu, viúvo aos 50 anos, Dr. Jorge resolveu completar
sua ordenação para padre e, em menos de seis meses, já estava ordenado como
presbítero. Homem bem preparado continuou a advogar em Mariana, onde era visto
com simpatia, e a todos inspirava pela conduta exemplar de sua vida.
No entanto, alguns bacharéis
enciumados de sua presença, procuravam afastar a sua grande clientela, faziam campanhas
infames ao terreno pessoal, a partir de mentiras que se desdiziam por si mesmas,
satirizavam a sua pronúncia, seu andar, sua maneira de agir em público.
Suas filhas mais velhas,
Eufrásia e Ana foram humilhadas nas ruas e nas portas dos templos de Mariana por
intermédio dos adversários que tentavam atingir sua dignidade pessoal, tanto
fizeram que conseguiram uma ordem expressa do governador, determinando a
expulsão do Padre Jorge da cidade no prazo de cinco dias.
Nesta ocasião chegou a
Mariana um advogado de Pitangui, Dr. Manuel Ferreira da Silva, também formado
em Cânones, que posteriormente casou-se com sua filha Eufrásia, e convidou o
colega e sogro Dr. Jorge a se mudar para a Vila de Pitangui. Desta forma os
advogados adversários conseguiram se ver livres do concorrente, pois naqueles
tempos, a mudança de lugar tornava impossível o prosseguimento de ação privada.
Em 1762 já estava na cidade
de Pitangui, como Vigário, integrante do conselho paroquial, encarregado de
recolher os rendimentos da igreja, administrar-lhe o patrimônio e zelar pela
conservação e paramentos da matriz e outras capelas. A filha Eufrásia faleceu
depois de quatro anos de casada, sua irmã, Ana, consorciou-se por sua vez com o
cunhado viúvo, o advogado Dr. Manuel.
Com frequência partiam tropas
carregadas de gêneros para alimentar várias regiões da Colônia, incluindo
posteriormente a nobreza de Portugal, que devido à invasão de Napoleão
Bonaparte em 1808, zarpou para o Brasil com mais de 15.000 integrantes da Corte
logo chegou ao Rio de Janeiro, em 20 dias todas as reservas de alimentos e
moradias disponíveis estavam esgotadas.
O Vice-Rei Dom Marques de
Noronha e Brito, sabendo que a agropecuária prosperava depois do declínio do
ouro de Minas Gerais e era capaz de aplacar a fome real, apelou para o
Capitão-General Governador de Minas Gerais e este se lembrou que Dona Joaquina
do Pompéu tinha gêneros alimentícios com fartura.
A visionária sertaneja aproveitou
os ventos favoráveis, a oportunidade de suprir a Corte era motivo de melhorar
os negócios da fazenda, levava cereais e trazia sal, que era caríssimo,
importado de Lisboa e estava no estanco, era utilizado para salitrar o enorme
rebanho que não parava de crescer. Trazia também tecidos, armarinhos e
ferragens para o consumo da fazenda.
Foi Dona Joaquina do Pompéu,
que sustentou durante anos a nova capital da Colônia de gêneros alimentícios,
supriu a Família Imperial com a remessa de carne (o boi em pé), farinha,
rapadura, milho, toucinho, e feijão, chegou a enviar para o Rio de Janeiro
1.600 novilhas de uma só vez.
Devido aos movimentos
contrários a independência do Brasil, na Bahia, Pará e Maranhão, colocou seus filhos
e bens a disposição, enviou bois para as tropas de D. Pedro, seu casarão ornamentado
com flamulas nas corres verde e amarelo acolheu 200 soldados que estavam a
caminho da Bahia e ainda enviou 50 escravos para o combate.
Foi tão grande a alegria que
teve ao saber da vitória de Dom Pedro no dia 2 de junho de 1822 que sofreu um
acidente vascular cerebral, não conseguia emitir nenhuma palavra o que a deixou
paralítica do braço esquerdo e manco da mesma perna. Embora não tivesse
exercido cargo eletivo, é constantemente evocada como matriz de uma elite
política regional mineira.
Dona Joaquina do
Pompéu:
a mulher no poder colonial
Conhecida
como Joaquina do Pompéu, Joaquina Bernarda da Silva de Abreu Castelo
Branco nasceu em Mariana (MG), no dia
20 de agosto de 1752, e faleceu na Fazenda do Pompéu a 14 de dezembro de 1824. Criativa,
perseverante, tenaz, autoritária, atuou decisivamente no povoamento das
Minas Gerais, teve grande importância como apoiadora em fatos constantes de
nossa História.
No final do século XVIII com
o declínio do ciclo do ouro na Capitania de Minas Gerais, a Fazenda do Pompéu revelou-se
como o primeiro núcleo local organizado de civilização agrária, de onde corriam
a pé escravos enviados como correios para Vila Rica e São Sebastião do Rio de
Janeiro.
Com frequência partiam tropas
carregadas de gêneros para alimentar várias regiões da Colônia, incluindo
posteriormente a nobreza de Portugal, que devido à invasão de Napoleão
Bonaparte em 1808, zarpou para o Brasil com mais de 15.000 integrantes da Corte
logo chegou ao Rio de Janeiro, em 20 dias todas as reservas de alimentos e
moradias disponíveis estavam esgotadas.
O Vice-Rei Dom Marques de
Noronha e Brito, sabendo que a agropecuária prosperava depois do declínio do
ouro de Minas Gerais e era capaz de aplacar a fome real, apelou para o
Capitão-General Governador de Minas Gerais e este se lembrou que Dona Joaquina
do Pompéu tinha gêneros alimentícios com fartura.
A visionária sertaneja aproveitou
os ventos favoráveis, a oportunidade de suprir a Corte era motivo de melhorar
os negócios da fazenda, levava cereais e trazia sal, que era caríssimo,
importado de Lisboa e estava no estanco, era utilizado para salitrar o enorme
rebanho que não parava de crescer. Trazia também tecidos, armarinhos e
ferragens para o consumo da fazenda.
Foi Dona Joaquina do Pompéu,
que sustentou durante anos a nova capital da Colônia de gêneros alimentícios,
supriu a Família Imperial com a remessa de carne (o boi em pé), farinha,
rapadura, milho, toucinho, e feijão, chegou a enviar para o Rio de Janeiro
1.600 novilhas de uma só vez.
Devido aos movimentos
contrários a independência do Brasil, na Bahia, Pará e Maranhão, colocou seus filhos
e bens a disposição, enviou bois para as tropas de D. Pedro, seu casarão ornamentado
com flamulas nas corres verde e amarelo acolheu 200 soldados que estavam a
caminho da Bahia e ainda enviou 50 escravos para o combate.